BREU
Aglutinado em suja alcova,
o povo esgueira-se das armas,
dos duros dedos de verdugos,
que, frios, premem o gatilho,
que, crus, apontam os castigos.
O povo pobre em sua saga
de tempestades e hospitais,
sem dignidade, sem socorro,
arrasta corpos sobre vidros,
partilha talhos, troca dramas.
Perversa lei da humanidade
alguém ser breu, pra alguém ser luz,
alguém ser caos, pra alguém ser paz...
Mas como pode a paz de alguém
luzir do breu de alguém no caos?