DURA LUTA DO SERTANEJO NO SERTÃO
Quando em meu nordeste
Fico a pensar,
Bate-me uma profunda tristeza
E uma pergunta que não quer calar.
Por que esse povo sofrido,
Muitos dele com os pés no chão
Não se rende e nem fica deprimido,
Mas enfrenta otimista o gigante do sertão?
Por que vive sorrindo
E não mostra sua dor?
Por que quando do sertão partindo
Suas lágrimas são de amor?
Quando em Petrolina estive
E vi cenas de doer o coração,
Confesso que não me contive
E desalentado, perdi a razão.
Famílias inteiras esmolando
Para a sobrevivência preservar.
E eu ali olhando
Desejando seu rumo mudar.
Sertão ingrato,
Terra de seca, fome e desilusão.
Povo cordato,
Guerreiro de fascinante expressão.
Em Asa Branca, o Gonzaga,
De ti, triste cantou,
A “terra ardente” que de dor embriaga
Um coração que a ti ofertou.
Até hoje, Rei do Baião,
Eu pergunto a Deus do céu
Porque tamanha judiação
E dessa seca, desse fel.
Onde estão os poços prometidos
Em promessas de campanha eleitoral?
Cadê Brasília que não t’enxerga?
Ó sertão, esse não pode ser o seu final!
Crianças morrem à míngua
E o mundo nem ouve falar.
Afinal, a quem importa
Esses “insignificantes” problemas sanar?
Onde há um ponto há um caminho,
Já dizia Martins Soares, o escritor.
Mas penso que nesse desalinho
O sertanejo tem o seu valor.
Pois como brasileiros que são
Não desistem jamais.
Remam contra a maré e até a razão,
Pois sua esperança no tempo não jaz.
Se um dia eu tiver que partir,
De ti sentirei saudade,
Porque depois de estar perdido
Encontrei em ti minha NORDESTINIDADE!
PARABÉNS, SERTANEJO VALENTE,
POVO que aprendi a AMAR.
NOTA: O poeta escreveu esta poesia com grande tristeza, pois apesar de ser carioca, ama profundamente o nordeste. O poeta se considera nordestino e se orgulha de sua nordestinidade.