Sobre a “Febre do Rato”
(3º Filme do Claudio Assis)
A sociedade ideal sufoca a marginal
De tantas regras
De tanta ordem
De tanta formalidade
De tanto conforto relativo
E a marginalia só não é irreverente
Por não passar incólume pela opressão das referências
Que esmaga as tendências que poderiam ser puras
Inimaginavelmente naturais
E é aí que entra o Claudio Assis e a sua Febre do Rato
Com a poesia como alegoria
Essa que tanto nos serve de escape
Da qual sou adepto mais pelo conteúdo do que pela arte
Mais pelo assunto do que pela estética
Seja porque sou inculto
Ou porque me identifico menos com as formas
Febre do Rato é o fardo dos conservadores
Que carregam as chagas que só vêm à tona quando a maré seca
Que alenta as matronas e a todos liberta
Tudo costurado por um tal poeta
Sob as pontes, ruínas e galpões vazios
Sobre como o ser humano é sem os trapos lhes cobrindo
Crianças sem culpas por suas emoções
Personagens de sua própria vida
Sem necessariamente ser carente
Sem que lhes falte casa ou comida
Anarquistas circunstancias e incompreendidos
Tudo em preto e branco
Para que o encanto do verso penetre ainda mais
Longa com a identidade do seu diretor
Especialista em questionar o que causa dor
Em se saber que ee é o que está escondido
Sobe a pele do ser que se negou ser