pra quê tanto sol
sábado de manhã
um sol intenso fere meus olhos
que por de trás dos óculos escuros
ainda se comprimem...
pra quê tanto sol??
uma chuvinha caia bem...
regaria meu jardim,
daria a a rosa incroada a chance de existir
daria chance ao perfume a se deflagrar
a borboleta descansaria na sombra das árvores
encharcadas de almas humanas e chuva...
e milhões gotas revelariam o que querem as lágrimas
o que querem as vagas das ondas..
os murmuros secretos da noite,
o sibilar da brisa...
sábado de manhã
ninguém suspira numa cidade inteira
as paredes encardidas das ruas
sob as pixações, xingam os passantes...
putz!! esqueci o guarda-chuva...
é tarde!
estou a bem do meio do caminho
sem nenhuma pedra poética para me salvar...
vou a uma reunião
confabular a esperança de um mundo melhor
a tarde conspira contra mim,
e traz uma noite de inverno
cruel e distante
do belo sol da manhã
adieu mon cher...
esse sol nascerá eternamente
intenso na memória secreta dos dias