Natal com justiça
 
Bolas coloridas, árvores floridas,
Fugazes sonhos nelas refletidas,
Enfeitam essa noite de Natal...
Sentado na calçada, não penso em mais nada,
Somente em meu presente,
Porque o passado se foi num vendaval...
 
Pra não morrer de fome,
Enquanto você come,
Sustento e me alimento do meu sonho...
Disputo com ratos e baratas,
Sobras de comidas, que nas latas,
Com esmerado cuidado eu as ponho...
 
Você passa por mim e nem repara,
- É um pária, é assim que me compara,
Faz um gesto e não dá a sua esmola...
O que queria, realmente, no Natal,
É minha casa que se foi no vendaval,
Para meu filho, um teto e uma escola...
 
Ver presos, os cretinos dos prefeitos,
Que roubaram, com as verbas, meus direitos,
De ter teto pra minha família abrigar...
Ver essa gentalha na cadeia,
Ter justiça, nessa terra, em mão cheia,
Pra no Natal não ter ninguém a mendigar...