PRÓXIMO DO FIM
Por favor, da próxima vez quando anunciarem o fim do mundo,
Avisem-me com antecedência
Preciso resolver certas pendências...
E acima de tudo preparar minha bagagem.
Vai saber se eu não for um dos “escolhidos”
E chegar a outro “país desconhecido”
Mantendo a mesma imagem.
O susto me fez “meter os pés pelas mãos”.
Sugeri ao desafeto o pedido de perdão
Irrestrito e incondicional.
E qual não foi minha surpresa
Quando o mesmo gesto de gentileza
Foi-me retribuído de forma fraternal.
Saudei o transeunte apressado,
Que disfarçando um ar de desconfiado
Protegeu-se com um sorriso de timidez.
Tal atitude fez-se rompida a barreira
De minha indiferença tão costumeira
A um comportamento mais cortês.
Liguei para alguém distante e falei de saudade.
O tempo ia passando e isto era prioridade
A falta de iniciativa me incomodava.
Do outro lado da linha a voz comovida
Quase sem palavras dizia que a vida
Preservaria a amizade no mundo que findava.
Enviei flores à eterna companheira,
Que passou a levar à sério o que seria brincadeira
Dizendo: “O mundo realmente está em fase terminal”!
Uma postura como esta
Partindo de mim nem em dia de festa
Era a consciência me denunciando ao “juízo final”!