Retratos do Povo da Rua
RETRATOS DO POVO DA RUA
Jorge Linhaça
25/12/2005
Esse povo que hoje vive na rua,
parecendo com farrapos humanos
nos mostra uma realidade crua
d'uma sociedade cheia de enganos
Não são apenas desabrigados
bêbados, preguiçosos, indolentes
Há engenheiros, há advogados
psicólogos, poetas, serventes
metalúrgicos, gráficos, barbeiros
pedagogos,professores, pedreiros
Gente arremessada ao desespero
pela dor, sofrimento e outros meios
Alcoolatras, drogaditos, bandidos
sem respaldo em uma sociedade
que arremessa no poço seus filhos
Fazendo da hipocrisia sua verdade
São gente buscando sobreviver
tirando do lixo o seu sustento
Vivendo o medo diário de morrer
Seres que só conhecem tormentos
Não são bichos chafurdando no lixo
São o teu reflexo no espelho da vida
Apesar desse teu falar tão prolixo
Não tomas tu nenhuma séria medida
São teus irmãos que não tem proventos
nem verba de moradia ou representação
Filhos do Brasil, exportador de alimentos
Que nega aos seus filhos um pouco de pão
Até quando essa tua cruel inadimplência
Olhando apenas o buraco do teu umbigo
Vai negar as condições de sobrevivência
Àqueles que tu chamas apenas mendigo?
Até quando, representante deste país
Irás servir só aos ricos e aos poderosos
Negando seres desse mal a maior raiz
Com teus conchavos tão perniciosos
Quando irás recuperar a perdida dignidade
deposta ao lado das urnas que te elegeram
nesse jogo viciado pela falta de integridade
Dos que tão facilmente se corromperam ?
Sou apenas um poeta sem salário
Num país onde manda o dinheiro
Onde se despreza o povo operário
Onde ser honesto causa até receio
Mas ouso sim elevar a minha voz
e outros mais haverão de se seguir
Até que tua conciência se torne atroz
e tua culpa te impeça até de dormir