‘DE A A Z’
NÁUFRAGOS
Andarilhos náufragos da esperança
Bebem no cálice amargo dos desvalidos
Cada gota de ilusórias e falsas promessas
Dentro de si, o sangue sem viço.
E a cada amanhecer de trevas
Fitam os céus de luz cegante
Gritam ao seu grito mudo não ouvido
Herméticas e desconsoladas preces.
Irmãos na miséria permitida
Jejuam o jejum dos mortos vivos
Lavrando o duro chão da crueldade
Malsinada seca de lágrimas.
Nos estertores da esquálida fome
Obrigam-se ao caminhar do desespero
Párias de suas sagradas raízes
Querem água corrente, solos outros.
Retirantes de suas vidas secas
Sulcos sem generosidade na face murcha
Tantas e tamanhas são as dores
Ultimando a passagem terrena.
Violando o querer ser do sonho
Xerifes que estão no poder.
Zelai por nós, o povo da seca!