MARIA, MARIA
MARIA, MARIA
Cheia de encantos,
Ainda menina,
Se cria Maria:
Futuro incerto
Alma vazia.
Desabrochando em flor,
Espírito adolescente
Se dirige Maria:
Envolta em sonhos,
Na terra vivia.
O primeiro filho,
A primeira luta..
E lá vem Maria:
Arrastando um cansaço precoce
Aos sonhos que esmorecia.
Da roupa esfregada
Da vida sem futuro ou razão.
Favela e Maria:
Sem berço de menina, nem sonho adolescente
Da mulher? Não sabia.
Objeto de uso
Se fêz sem encantos,
Seu nome é Maria
Igual a mim, igual a você
Igual a mil: sobrevivia
Da chance que falta
Do futuro que não tem:
Ainda se chama Maria
Como somos todas nós,
Sempre esperando mais
Sonhando alto,
Aprendendo na experiência,
Ensinando a outras Marias
A virtude de ser mulher