Os Fregueses da Padaria

(Aos Fregueses da Padaria Brasília)

Comem o pão

Amassado e pisado

Pelas velhas prostitutas

Da Padaria Brasília

Entregue aos ratos

E às baratas funcionais

Os fregueses vivem desse pão

Já mordiscado pelos ratos

E lambem d'outras guloseimas

Já pisadas pelos festins noturnos

Das baratas

O pão pela manhã é servido

Em bandeja prateada

Conforme os requintes da lei

E nesse glamour se fartam os fregueses

Dali, já fartos

Dirigem-se ao circo

Vagabundo, de quinta categoria, bem verdade

Mas os mantém entretidos, e felizes

Pois as macaquices são pensadas

Segundo as preferências dos fregueses

Do circo e da padaria

Uns reclamam das macaquices

Ora o que é isso camaradas?

A macaquice toda é calculada

Segundo as expectativas dos fregueses, já disse!

E são servidas na bandeja dourada e ensebada

Da tela acesa na sala dos que assistem

Pagam pra ver e apagam-se pra não ver (...)

Na mesa pobre das vidas vazias

E assim tudo segue em ordem

E progresso, pois o circo é um sucesso

E a padaria, um grande e próspero negócio:

Os ratos engordam, as baratas se multiplicam

E os fregueses são mui bem servidos

E o mais importante: bem nutridos!

E quanto ao circo, ora não digam tolices:

Estão mais que satisfeitos

Tanto é assim, que até imitam durante o dia

As macaquices que os divertem à noite

Na sala pobre das vidas vazias...

Um Oferecimento: Fazenda Panem et Circensis. Pague, ande de burrico e farte-se em nossa padaria.

Eron Levy
Enviado por Eron Levy em 09/12/2012
Reeditado em 10/12/2012
Código do texto: T4027482
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