Os Fregueses da Padaria
(Aos Fregueses da Padaria Brasília)
Comem o pão
Amassado e pisado
Pelas velhas prostitutas
Da Padaria Brasília
Entregue aos ratos
E às baratas funcionais
Os fregueses vivem desse pão
Já mordiscado pelos ratos
E lambem d'outras guloseimas
Já pisadas pelos festins noturnos
Das baratas
O pão pela manhã é servido
Em bandeja prateada
Conforme os requintes da lei
E nesse glamour se fartam os fregueses
Dali, já fartos
Dirigem-se ao circo
Vagabundo, de quinta categoria, bem verdade
Mas os mantém entretidos, e felizes
Pois as macaquices são pensadas
Segundo as preferências dos fregueses
Do circo e da padaria
Uns reclamam das macaquices
Ora o que é isso camaradas?
A macaquice toda é calculada
Segundo as expectativas dos fregueses, já disse!
E são servidas na bandeja dourada e ensebada
Da tela acesa na sala dos que assistem
Pagam pra ver e apagam-se pra não ver (...)
Na mesa pobre das vidas vazias
E assim tudo segue em ordem
E progresso, pois o circo é um sucesso
E a padaria, um grande e próspero negócio:
Os ratos engordam, as baratas se multiplicam
E os fregueses são mui bem servidos
E o mais importante: bem nutridos!
E quanto ao circo, ora não digam tolices:
Estão mais que satisfeitos
Tanto é assim, que até imitam durante o dia
As macaquices que os divertem à noite
Na sala pobre das vidas vazias...
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