UM CORPO SEM HISTÓRIA
Na palma das mãos
linhas desconexas
escritas em vivências
de arrastadas jornadas...
Os braços
caídos ao desalinho do imprevisto
da vida que gritara seu derradeiro sopro...
Apenas amanhecia sobre o úmido asfalto
e os pés faziam ainda o desenho
do movimento cortado em pleno voo...
A claridade revelava agora
lenta, impidedosa
o quadro que a noite guardara cúmplice
em silencioso velar de estrelas frias
Entretanto sob o choro da garoa
que iniciava condoída
preservava-se ainda um pouco mais
a solidão de um corpo recém tombado
até finalmente ser entregue ao profissionalismo
de mãos indiferentes e ser
devidamente, ainda uma vez
numerado e catalogado!