A Obra de Arte
Quando eu caminhava um dia
Vi dentro de uma casa fria
Através de uma janela escura
Que enquadrava uma moldura
A visão mais que medonha
De uma face enfadonha
Algo que um sensível pintor
Que de um flash é doutor
Assinaria como sua obra
Aquela visão melancólica
Onde o caos era o império
De uma expressão sem mistério
Contornos a dor esboçava
Mostrava-se insaciada
Um olhar no horizonte perdido
Uma vida sem sentido
Uma alma extremamente rude
Desprovida de qualquer atitude
A vida era só uma cruz
Não corria um feixe de luz
Destinos cartas marcadas
Suas mãos atadas
Era uma vil existência
E uma vil obediência
Em Deus a única fé cultivada
Tantos anos na mente cravada
Pancadas do senso comum
Dilacerou seu zoom
Na religião a alma descansa
Uma droga que no sangue se lança
Lembro sempre daquele quadro
De uma mulher sem rastro
Não adiantava o quadro pintar
Nem que eu fosse um Renoir
O que é uma obra prima hoje então
Senão um valioso objeto de leilão.