CRACK A SOMBRA DA MORTE
A cracolandia é a Disneylandia
Do pobre viciado sem outra opção
O mundo da realidade é outra prisão
É só divisão e cobrança
O viciado se acostuma na luz artificial
Como inseto que gira em volta
Sem saber que esta é sua página final
Sombra passageira que a baixa oferta lhe causa
Se ele volta pra esfera da realidade
É cobrado sistematicamente sem pausa
Pela sociedade
Pela hipocrisia
Pela falta de poesia
Então se mantêm presos dentro de sua prisão
E por não ter dinheiro pra internação
Famílias os perdem em vida
Como um barco iminentemente à deriva
Amotinam-se como o azinhavre ao cobre
Então ele entra sem convite no inferno
O diabo adora patrocinar seus vícios
Ele passa a ser transfigurado em resquícios
Animalizado e passa a ser como os cães
Que foram abandonados
Juntam-se em grupos
E passam a interagir em bandos
Contrabandos que produzem asneiras
Seus aforismos e sua alforria passageira
Que o cérebro frita
Dor e mal se amalgamam
É o cavaleiro do inferno e suas sementes sem vida
Que os arrasta em sua caravana de fogo
É a passagem de volta em pedra de brita
Um prazer que esvoaça
E para o casulo se arrasta
Corrosivo como traça
Triste mundo zumbis mumificados
Ramificados numa rua sem subida
Beco sem saída
Um sopro ardente se afunila
Dríades nas pupilas
O selo já foi aberto
O apocalipse está nas ruas
Nas esquinas decerto
Bem mais perto dos olhos
E bem ao alcance de nossas mãos
Na treva crescente
Como pirilampos sem céu
Um intrépido clarão
Rasgando a escuridão...