CRACK A SOMBRA DA MORTE

A cracolandia é a Disneylandia

Do pobre viciado sem outra opção

O mundo da realidade é outra prisão

É só divisão e cobrança

O viciado se acostuma na luz artificial

Como inseto que gira em volta

Sem saber que esta é sua página final

Sombra passageira que a baixa oferta lhe causa

Se ele volta pra esfera da realidade

É cobrado sistematicamente sem pausa

Pela sociedade

Pela hipocrisia

Pela falta de poesia

Então se mantêm presos dentro de sua prisão

E por não ter dinheiro pra internação

Famílias os perdem em vida

Como um barco iminentemente à deriva

Amotinam-se como o azinhavre ao cobre

Então ele entra sem convite no inferno

O diabo adora patrocinar seus vícios

Ele passa a ser transfigurado em resquícios

Animalizado e passa a ser como os cães

Que foram abandonados

Juntam-se em grupos

E passam a interagir em bandos

Contrabandos que produzem asneiras

Seus aforismos e sua alforria passageira

Que o cérebro frita

Dor e mal se amalgamam

É o cavaleiro do inferno e suas sementes sem vida

Que os arrasta em sua caravana de fogo

É a passagem de volta em pedra de brita

Um prazer que esvoaça

E para o casulo se arrasta

Corrosivo como traça

Triste mundo zumbis mumificados

Ramificados numa rua sem subida

Beco sem saída

Um sopro ardente se afunila

Dríades nas pupilas

O selo já foi aberto

O apocalipse está nas ruas

Nas esquinas decerto

Bem mais perto dos olhos

E bem ao alcance de nossas mãos

Na treva crescente

Como pirilampos sem céu

Um intrépido clarão

Rasgando a escuridão...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 19/11/2012
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