Talvez outro mundo seja possível
Saiu correndo feito um louco.
Queria um refúgio.
Acabara de constatar:
não queria fazer parte desse mundo.
Injustiças, desigualdades, desilusões.
Dor, sofrimento, falta de respeito.
Falta de amor.
Caminhava solitário,
pessoas e automóveis passavam.
Gente apressada
que não enxerga o outro.
Alcançou um pracinha.
Viu um banco de costas pra rua,
sentou desolado.
No meio da praça
crianças jogavam bola.
Ficou assistindo
Elas se divertiam e isso o contagiava.
Houve um golaço.
A equipe se abraçou comemorando.
Os que sofreram o gol aplaudiram.
Talvez o mundo tivesse jeito.
Pediu pra entrar no jogo.
Hesitaram, mas acabaram aceitando.
Foi sua redenção.