SONETO DE ESTIGMA
A minha pele expressa meu estigma social
Mas este estereotipo, não fui eu quem construi
A minha pele revela minha identidade social
Mas este estereotipo também não fui eu quem construí
A minha pele é associada a sujeira
A minha pele é associada a escuridão
A minha pele é associada a negatividade
A minha pele está abaixo da natalidade
E todas estas visões não foram feitas por mim
Não fui eu, quem associou a pele negra a sujeira
Não fui eu quem disse que era sombria
Não sou eu quem aponto os dados
Mas eu posso ser, a pessoa que se assume
Eu posso ser a pessoa que reconhece
Eu posso ser a NEGRA
E eu sou
Não importa-me se alguém me chama de urubu
Não me importa se alguém me chama de macaco
Não me importa se alguém me chama de escravo
Sou sim, descendente de um povo escravizado
Não de escravos...
Sou descendente de Kunta, Abdias, Sapaktà, Nzinga
Sou descendente de meus heróis
Porque mesmo, alguns tendo feito
De tudo para esconder suas caras
Eu fui além e conheci não só as suas
Mas as minhas!