SONETO DE ESTIGMA

A minha pele expressa meu estigma social

Mas este estereotipo, não fui eu quem construi

A minha pele revela minha identidade social

Mas este estereotipo também não fui eu quem construí

A minha pele é associada a sujeira

A minha pele é associada a escuridão

A minha pele é associada a negatividade

A minha pele está abaixo da natalidade

E todas estas visões não foram feitas por mim

Não fui eu, quem associou a pele negra a sujeira

Não fui eu quem disse que era sombria

Não sou eu quem aponto os dados

Mas eu posso ser, a pessoa que se assume

Eu posso ser a pessoa que reconhece

Eu posso ser a NEGRA

E eu sou

Não importa-me se alguém me chama de urubu

Não me importa se alguém me chama de macaco

Não me importa se alguém me chama de escravo

Sou sim, descendente de um povo escravizado

Não de escravos...

Sou descendente de Kunta, Abdias, Sapaktà, Nzinga

Sou descendente de meus heróis

Porque mesmo, alguns tendo feito

De tudo para esconder suas caras

Eu fui além e conheci não só as suas

Mas as minhas!

Jacqueline Oliveira
Enviado por Jacqueline Oliveira em 07/11/2012
Código do texto: T3972972
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