INFELIZMENTE








Sempre as águas dos rios passeiam
sob a língua dos viadutos.

E no encontro do rio com o cotidiano
três sorrisos se apascentam:
a pedra
a esfinge
a memória da cidade.

Ao ver que no contorno
das horas eufônicas
o Cristo Redentor estende os braços.

Mas infelizmente,
há tantas vidas debaixo da ponte,
tantas nem tem relógio.

E nesse armado tempo visceral
a história, os fatos autoritários
são atuais – reais e presentes.

Desde o descobrimento do Brasil
todos os cavalheiros cabralescos
que vigiam os latifúndios
causam-nos assombros.

Vá entender tais desatinos,
pela usura do poder fazem tudo
Até acender da bomba o estopim.









Edição de imagens:
Shirley Araújo

Texto: Infelizmente


ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 05/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
Código do texto: T3969572
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