Sede crônica no nordeste
Um pedaço de arame
Amarra uma tina seca;
Numa floresta morta
Com 42 graus de seca.
Uma vaca de cor preta
Todos os ossos mostrando,
Não é regime, nem doença
Eles que estão segurando
Céu limpo, não há previsão
Há gente e bichos com sede,
Desde a Bahia ao alto sertão
Não há um pé de planta verde
Poucos mananciais alertam
O nível de água restrito,
As chuvas escassas afetam
A vida de muitos neste distrito
Nordeste de pele enrugada
De olhos sem lágrimas,
De política abandonada
De grito, choro e lastimas!
Quem roubou a população
Aumentando a renda do nobre?
Foi o governo esse ladrão,
Que mais falta tirar do pobre?
Não é crime somente matar
Com a arma SEDE, um nordestino?
Não é crime ver a mãe chorar
Sem ter o que dar ao MENINO?
Lama virou pedra dura,
Terra nua, gente vestida
De fome, de sede, sem cura
Essa política tão homicida!
29 de outubro de 2012