L'etat c'est moi!

L'etat c'est moi!

Diria o rei nalgum canto da França.

Aqui alguns, noutras palavras,

repetem a cantilena com inspiração festiva parisiense

Incorporando Luiz enquanto escurecem o mundo a sua volta.

L'etat c'est moi!

Diria o rei nalgum canto da França enquanto

aqui, em France Antarctique, outros dizem:

O Estado é nosso e ninguém tasca...

E os que se opõem que se lasquem!

L'etat c'est moi!

Diz qualquer rei, glutão, bufão, que do poder se adona.

Repete ad infinitum tal jaculatória

Na espera que o simples falar torne a mentira glória.

L'etat c'est moi!

Pensam aqueles que, ao governarem, desgovernam

E se afirmam na pestilência virulenta que corrói

E adoecem aqueles que neles creram e os sustentaram.

L'etat c'est moi!

...

...

Cachoeiras não lavam a alma do corrupto!

Oxum, Iansã e Shiva, molhadas nas lágrimas do povo,

Dançam ainda nas águas frágeis de junho

e apontam que o caos inevitavelmente desembocará em primavera.

L'etat c'est moi!

...

...

Não!

Ninguém pode ser dono do que não é em estado algum

Nem se estar onde se não é a não ser que o façamos!

E não mais queremos alimentar a praga

E não mais queremos engrandecer a peste.

E ainda que não percebamos, a nós cabe a destruição da besta!