MIGALHAS
Quando passei pela janela da vizinha
ela de braços abertos sacudia a toalha do almoço.
Vários pardais disputavam as migalhas.
Lasquinhas de pão, alguns grãos de arroz
sobra de macarrão, que o pardal mais ágil
partiu com o verde do bico.
Esse momento que poucos apreciam
acordou em mim a criança da roça
quando minha avó praticava todos os dias os mesmos gestos.
Lá galinhas e gatos disputavam as migalhas.
O cachorro aguardava sua vez.
À noite, vejo na TV o Presidente do Brasil
praticar o mesmo ritual: sacudir a toalha das migalhas
anunciando com largo sorriso, coberto com gordos bigodes,
o abono a todos os trabalhadores brasileiros.
Só que ele sacudiu a toalha do meio-dia
de minha vizinha
na imensa janela do Brasil.
Quando passei pela janela da vizinha
ela de braços abertos sacudia a toalha do almoço.
Vários pardais disputavam as migalhas.
Lasquinhas de pão, alguns grãos de arroz
sobra de macarrão, que o pardal mais ágil
partiu com o verde do bico.
Esse momento que poucos apreciam
acordou em mim a criança da roça
quando minha avó praticava todos os dias os mesmos gestos.
Lá galinhas e gatos disputavam as migalhas.
O cachorro aguardava sua vez.
À noite, vejo na TV o Presidente do Brasil
praticar o mesmo ritual: sacudir a toalha das migalhas
anunciando com largo sorriso, coberto com gordos bigodes,
o abono a todos os trabalhadores brasileiros.
Só que ele sacudiu a toalha do meio-dia
de minha vizinha
na imensa janela do Brasil.