O tiro que não saiu pela culatra
Corria... O máximo que podia,
Se esquivando de tudo o que poderia lhe atrapalhar
Talvez numa cerca, ou um muro a pular...
Corria... O máximo que podia.
Desceu a viela correndo, e quase se esbarrou na senhora
Que na última hora estava voltando da feira.
Perguntou ao garoto: - Para que tanta pressa agora?
Respondeu: - Minha senhora, não me pergunte esta besteira!
Estou fugindo daqueles que querem o meu fim
Será ruim pra mim se eles aqui me encontrarem
Não fiz nada, mas com certeza é sempre assim
Preto, pobre ou favelado sofre muita desigualdade.
Disso sei muito bem, estou aqui por uma boa causa
A dose certa de contexto quando quero não consigo.
Sei de todo o cinismo destes que são perseguidores
Não vão morrer de amores, é só ódio pro inimigo.
Agora... Conseguiram me alcançar...
Atiraram três vezes, não quero que imagine.
Uma cena muito triste até de se contar,
O sangue escorre pela viela íngreme.
Aquela senhora viu a cena e ficou perplexa
Com tamanha crueldade que ali apareceu
Essa é a realidade vivida em qualquer favela
Quem será o culpado?
O governo, a polícia, você ou eu?