MENINAS

MENINAS

Pomar de frutos verdes.

Púbis ralo, similar relva virgem.

Bocas delineadas nas suas bonecas de pano,

A quem confiaram suas infâncias!

Na solidão e desarrimo do mundo moderno,

Pintam os lábios de vermelho, inocentes vitrines!

Equilibram-se desengonçadas sobre plataformas,

Sobre saltos altos como se fossem trampolins...

Ainda sem o charme da mulher adulta.

Mas, vestem-se com mesmas roupas,

Triste apelo! Triste imagem sem esperança.

E sofrem dos mesmos estereótipos.

Quando estreiam precocemente nesse palco incógnito,

Sexualidade coadjuvada por aproveitadores...

A puberdade voa nas bolinhas de sabão coloridas,

Que muitas vezes deram significado a suas infâncias...

E, se o sêmen escapa da cartola mágica,

Validam ciclos de agonias e desencontros!

Albérico Silva

Essa poesia tem o ensejo de falar sobre a sexualidade precoce, que têm alcançado as nossas meninas e nossos meninos, tornando-os vítimas de uma sociedade caricata. Temos visto, num cenário triste e desesperador, crianças ainda, de 10,12, 14..., e assim por diante, tornarem-se mães, diante de uma coletividade permisivista. Aproveito o ensejo do dia 12 de outubro, para render-lhes, simples homenagem!