ABORTO

ABORTO

Septo, réptil move-se, destrói.

Desarranja, rompe-se, e deságua!

Quebra-se frágil em cristais de pedras,

Vaso vaza, cava vala, parte-se a vida.

Arrebenta, estraçalha, suga, mata!

Irrompe dos espelhos e sangra.

Individualidade no casulo morto,

A contar primaveras na consciência.

A fazer parte das estatísticas...

Parte-se, perde-se, submerge ligação sublime.

Rompem-se os laços de união divina.

Estoura as asas no voo cego.

Réptil, rapto, imóvel rasteja e morre.

Gora, aborta falha, fracassa a vida!

Frustra a própria natureza, deprime.

Réptil, surto, imóvel rasteja e morre!

Albérico Silva