A menina triste
(Flavia Costa)


Sentada à beira da calçada
A garota pedia esmola.
O olhar triste e distante,
Os cabelos sujos e soltos,
A roupa imunda e rasgada.
Pobre menina de quem roubaram o sorriso.

O pai bebia o dia inteiro,
E quando voltava para casa,
Batia na esposa.
A menina assistia àquela cena todos os dias.
Até que numa noite, o pai,
Voltando para casa bêbado e cambaleante,
Foi atropelado e morto por um carro.
Tempos depois a mãe fora vítima de um câncer.
Morreu deixando a filha sozinha no mundo.

Agora a menina estava ali,
Em busca de sua sobrevivência.
Pedia esmola para comer.
Dormia na rua,
Em bancos de praças,
Ou debaixo de viadutos.
Sofria todo tipo de violência:
Física e psicológica.
Até que, em uma noite fria e chuvosa,
Pessoas cruéis,
Roubaram-lhe a vida com um tiro na testa.

A menina triste,
Talvez encontrasse alegria do outro lado da vida.
E pediria à Deus:
Se um dia voltasse novamente à Terra,
Pudesse pelo menos ter a esperança de ser feliz.


Escrito em dez/97.