Buraco de Lama
Lá na rua tinha nua
Um tapete esburacado
Que se vestia de lama
Nos dias de chuva
Nem parece mais tapete
Parece mais quintal
Parece mais bagunça,
Carros não se importam
Em dividir espaço
Que descaso!
Dividir espaço com buraco.
Tinham tantos
Que alguns tantos viravam um
Que virava brincadeira de criança na lama,
Quase uma piscina de alegria
Na altura da canela
Canela de criança
Canela inocente, achava aquilo bonito
Nunca viu coisa bonita
E faz de tudo brincadeira
Corre-corre.
E dali também saia malandro
Que vinha lá do final até cá
Vinha lá do bar
E não sabia onde ia
Sabia nem donde saíra;
Saia até cavalo, caboclo
Bicheiro, orelhão sem linha,
Saia primo de monte, cachorro,
Pato, mais cachorro, gato, galo, galinha
Muita gente, muito tijolo
Muito mais do que cabia
Tanto que caia
No quintal da vizinha
E nascia
Mais um primo
Pra brincar no buraco de lama.