SAMPA QUE VIVO E ME ESPANTO

Aqui se estoca pelos cantos

misérias e desencantos

desencontros

bolivianos e máquinas de costura

tecnologia e veneno

tortura e prisões

elos que não se desfazem

tráfico e consumo

sexo e crianças

espantos que gritam nos apartamentos

vielas e cortiços

bolsas de valores e guerras

política e corrupção

são tantas as feridas

ratos e fios expostos

a cidade arde

sangra na noite

no Tietê e sua química podre que fede merda

cenas diárias

políticos na tela prometem o paraíso

sorrisos

é essa a realidade de Sampa

um canto onde vivo

gosto e me espanto