PARADO NA ESQUINA
PARADO NA ESQUINA
Tem alguém ali parado na esquina
olhando triste para a multidão;
trazendo no rosto o cansaço do tempo,
desamparado, de muleta na mão.
Ninguém imagina o que ele quer,
E quem conheceria suas intenções?
Mas esteja ele onde estiver,
sempre despertará tais indagações.
Tem alguém ali parado na esquina,
um ébrio mendigo seguindo a sua sina.
Tem alguém ali parado na esquina;
E quem ele foi? Ninguém imagina!
Hoje mendigo, indigente, andarilho,
sem perspectivas e sem direção.
Os olhos condenam e o mundo o castiga,
lembranças torturam sem compaixão.
Ninguém acredita na sua história:
esposa e filhos, casa e caminhão;
Um homem que teve uma vida de glórias
agora na esquina pega restos no chão.
Tem alguém ali parado na esquina,
um ébrio mendigo seguindo a sua sina.
Tem alguém ali parado na esquina;
E o que será dele? Ninguém imagina!
(Renato Curse) 25/01/1.999
* A inspiração para esses versos veio de um mendigo que
perambulou por muitos anos em minha cidade. Diferente das crianças que viviam correndo de medo, um dia conversei
por alguns minutos com ele e, nesse diálogo, além de
descobrir que ele não tinha a intenção de fazer mal a ninguém, fiquei sabendo um pouco da sua história...triste história. Esse mendigo (talvez o mais popular da cidade) conhecido apenas por "Técão" faleceu há alguns anos, porém nunca me esquecerei da conversa que tive com ele quando criança.