Inocência culpada
Era uma criança
Filha de um bandido
Que não compreendia o alarido
As correrias, e aquela arma que ele limpava
Que tanto gostava...
Só entendia de ver seus amigos
Vizinhos para brincar e brincar
E a água que corria para se molhar
Nem dos puxões não entendia
Pisar na água ela só queria
Como a da chuva
O quentinho do fogo, aconchego de colo
O cheirinho de novo
De qualquer coisa com esse aspecto
Queria as cores em qualquer forma
Rolar a bola bem para o alto
Chamar alguém que lhe atendesse
Num desespero que estremecesse
Era uma criança que não sabia
No que um dia se transformaria
Era uma criança pobre como a maioria
Nos guetos, na periferia
Era uma criança que só sorria
Era apenas uma criança
Que idéia de nada um dia teria
E ainda não sabe se poderia