O meu voto é conciente
Hoje de tarde me chegô
Na ponta de meu terrêro
Um grande e ilustre Dotô
Risonho e munto facêro
Foi apertando mi'a mão
Mim chamando cidadão
Perguntando que qui há
Sempre alegre e sorrindo
Entonce foi me pedindo
Pra mode nele eu votá.
Disse ele cidadão
Eu sô um homi do povo
Eu tombém amo o sertão
Por isso tô aqui de novo
Diga o que tá precisano
Pois eu tô lhe iscutano
Conte toda a sua dô
Pois sô um homi direito
E dispois que eu fô inleito
Protejo meus inleitô.
Peça logo o qui quizer
Diga o qui tá precisano
É rôpa pra sua muié
Pu favô vá mim falano
Pois sô um amigo seu
O siô é amigo meu
Tô aqui pra lhe ajudá
Hoje aqui lhe dô a mão
E no dia da inleição
O siô ne mim vai votá.
Dotô falo a vosmicê
Com toda a minha revorta
Num quêra se ofendê
Mais cum ninguém cê simporta
Quando passa a inleição
Ocê some do sertão
E depois de quato ano
Aparece aqui de novo
Dizeno que é do povo
Mais desta vez num me ingano.
Agora se alevante
Com seu caminhá facêro
Posso ser inguinorante
Mas num quero seu diêro
Num sô homi de ciença
Mais eu tenho consciença
E sei o qui é votá
E nem que eu morra de fome
Mas eu só voto num homi
Se fô para miorá.
Ele tem que trabaiá
Para todo este povão
Vai ter que se preocupá
Cum saúde, inducação
Inverti na sigurança
Pois isso tem importança
É cum isso que mimporto
Por isso Dotô lhe digo
Se fizé isso o amigo
Pode contar cum meu voto.
Por: João Rodrigues