Estação

Não há constelação no céu da tua boca

Não há nem dentes em tua boca!

E mesmo assim,

Perduras um riso frouxo de esperança...

E nos teus olhos, tanta indagação!

Com a tua roupa imunda

Cobres vagamento tua solidão

Seguras o pão com tanta força

Como se fosse escapar da mão

De repente,

O desvario transforma tua face

Loucura? Raiva? Não sei

Arrasta tua perna arruinada

Até o canto da estação

Devora teu pão

Digere tua alma

Recordas tua face de ontem

Engasga de decepção

Não há dentes

Não há casa

Não há dinheiro

Acabou o pão

Há apenas a vida que passa

A gritar-te

Não! Não! Não!