Acidez do Aço

Da siderúrgica, moldo as palavras de aço, forjadas na acidez

Da bomboniere, o boneco de açúcar dissolve-se em sua solúvel tez

Do céu, escorre a chuva hidratando os alheios e frágeis telhados

Do chão, minha vítrea telha recebe o beijo de seus lábios rachados

Na vida, deslizo no cotidiano cru, belo, e pós-modernicamente atolado

Na rua, entre guetos e nobreza percebo o abismo que me deixa bolado

No tempo, escorrem as horas acavaladas nos dando o controle da ilusão

No tímpano, o canto da sereia seduz e escraviza, louvemos a televisão

Leonardo Borges
Enviado por Leonardo Borges em 21/08/2012
Reeditado em 21/08/2012
Código do texto: T3840941
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