COMO NEGROS QUE SOMOS

Nossas palavras não são palavras vãs.

Nós que falamos com os olhos,

nós que falamos com as mãos

somos as maẽs seculares,

somos os filhos dos ares

e construímos os lares

com sangue dos ancestrais...

Nós somos negros

e tão azuis quando distantes!...

Nós somos o orvalho

das nossas manhãs restantes,

nós somos o fruto-menino

sol radiante.

Nós somos o amor

que milhões de ventres guardam

como se guarda o tesouro

da vida de cada dia.

Nós somos a luta:

a foice,o machado,o martelo,

o malho,o pelourinho,o cutelo,

nós somos o Cristo vivo

(morto não serviria)

a receber chibatadas

ou velada mesquinhez...

Nós somos o tempo

disposto a renascer

como negros que nós somos

da flor do amanhecer...

Cezar Ubaldo
Enviado por Cezar Ubaldo em 20/08/2012
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