Cálice de plástico

Na mesa imunda

Do boteco vermelho,

Um rosto pintado

Refletido no espelho.

Ao anfitrião

Um copo de plástico

Com um estranho

Líquido vermelho!

Cigarro barato

Com o perfume que exala devaneio...

A conquista serena,

De seios fartos, despojados...

Amamentando ilusões vagabundas.

Um corpo surrado,

Que transporta um passado abusado...

Um corpo usado,

Verdadeiramente defasado...

Um corpo cansado,

De valores que perdem pudor...

Um corpo sonhado,

De alegrias oriundas do amor...

E surge o amor da criada!

Saciar o homem distinto,

Que fora dos sonhos,

Ostenta pudores e valores superiores!

Na calada da noite...

Compram-se sonhos,

Compram-se corpos

Compram-se valores

Compram-se lágrimas

Compram-se covardia

Compram-se heresia

Compram-se hipocrisia

Compram-se alegria

Que sustentam a coluna do poder...

Sangue e lágrimas escorrem

Pausadamente...

Nos olhos de plástico,

No corpo de plástico,

No copo de plástico,

Alimentando o conteúdo

Do cálice de plástico...

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Gessé Cotrim
Enviado por Gessé Cotrim em 17/08/2012
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