Um Momentinho
Noite de terça-feira (31/05).
O tom dramático do jornalista
Vilas Boas Corrêa nos sensibiliza:
queremos o fim da greve dos petroleiros.
Fizemos coro com o choro
do Carlos Chagas na mesma linha,
no mesmo canal da telinha.
Continuamos com o JB, apesar de ele já revelar
alguma tendência “global”. Afinal
o artigo do Ciro Gomes (28/05)
é como que um documento, a greve é irregular:
“o presidente declarou inválido o tal acordo”.
Ninguém com tanta veemência.
Faltou, porém, a mesma opulência
verbal nas reverberações à nação
quando o governo, recém-empossado,
sem conceder explicação,
aumentou o próprio ordenado,
além do dos deputados;
ou quando anistiou o Lucena, que pena,
ou quando convive com essa injustiça tão plena
a um monumento nacional,
ou internacional apenas,
chamado Chico Mendes...
Vamos acabar com a greve, é claro.
São danosas as conseqüências.
Mas como não pulular,
soltar a voz, protestar,
com toda a nossa inclemência,
quando nos roubam os sentidos
por meio de outra indecência?
Rio, 31/05/1995