NO DESESPERO
Dois anos desempregado
Num desespero profundo
Batendo pernas ao léu
Nas raias do submundo
Buscando em cada entrevista
Um emprego de valor
Que lhe elevasse de novo
De indigente, a senhor
Mas vão fechando-se as portas
Por ele andar maltrapilho
Que nem arroz branco pode Levar a boca dos filhos
A mulher só pele e osso
Já tomada de fraqueza
Consola os filhos que choram
Sobre as migalhas da mesa
Seu olhar sofrido corre
A registrar tanta tristeza
E lhe corrói as entranhas
Tão miserável pobreza
Pega uma faca e sai pronto
Pra assaltar não sabe quem
Mas transtornado ele acaba
É tirando a vida de alguém
Chega a policia, lhe prende
Baixa direto ao presídio
E neste instante sua vida
Passa-se em cenas de vídeo
Se sente igual passarinho
Atrás das grades de aço
Aonde animais humanos
Matam-se por um espaço
E ninguém escapa ileso
Do esquema carcerário
Pois impera a lei da selva
No sistema penitenciário
Aonde manda o mais forte
E a lei do silencio é maior
Não tem homem, nem mulher
E só sobrevive o melhor
Reza a DEUS, o pai supremo
Pra que perdoe seu erro
E abençoe sua família
Mesmo sobre o seu enterro
E que lance um raio de luz
Dos confins do infinito
Pra iluminar cada alma
Daquele lugar maldito
E pede então com muita fé
Que ao sair desta prisão
Deus lhe proteja de outro erro
E que aos seus, não falte mais pão