Cordel do fim
Na casa dos homens
Tem muita comida
Tem cheiro de flores
Madeira polida
Piso como um espelho
De cores esmaecidas
Tem vasos chineses
Cortinas compridas
Lá naquela casa
De jardim bem cuidado
Árvores frondosas
Telhado importado
Com muros bem altos
Alpendres vistosos
Cascata no lago
Pássaros fogosos
É a casa dos sonhos
Que ele não conhecia
Iluminada com a luz
Mais clara do dia
Pisou dentro dágua
Ao levantar da cama
Odores de esgoto
Com ratos na lama
A porta do armário
Chorando inclinada
Mostrava o vazio
De não guardar nada
O estômago grita
O ranger abafado
Maldita desdita
De um sonho acabado
E uma silhueta
Perde-se nas águas
Escuras, espessas
Repletas de magoas
Tragando a criança
Tragando em vingança
Tragando a esperança
Não deixando nada