Alguma humanidade
Emoções arquivadas no papel
Gestos sem oxigênio
Manipulados pelo som de palavras
Mil e um fonemas a perpetuar
Dor, afeto, ódio e paixão.
Registros indecifráveis
De alguma humanidade
A mão que tocou seu corpo
Agora escreve versos
E mata peixes para comer
A mão que afaga
É a mesma que é capaz de
asfixiar
O olhar que é cândido
Pode fuzilar multidões inteiras
Ou pode redimir todos os pecados
A benção e a água benta
Que respinga numa alma suja
Mil tormentas
Mares revoltos,
guerras
ofensas íntimas e
ódios mornos
A cozinhar o que
Antes era terno
O que antes era belo
E hoje é apenas
repugnante.
Tragédias sem requinte
Alvos sem perdão
Crimes sem condenados
A ilusão da sociedade segura
A ilusão do real.
A verdade da horda canibal.