Alguma humanidade

Emoções arquivadas no papel

Gestos sem oxigênio

Manipulados pelo som de palavras

Mil e um fonemas a perpetuar

Dor, afeto, ódio e paixão.

Registros indecifráveis

De alguma humanidade

A mão que tocou seu corpo

Agora escreve versos

E mata peixes para comer

A mão que afaga

É a mesma que é capaz de

asfixiar

O olhar que é cândido

Pode fuzilar multidões inteiras

Ou pode redimir todos os pecados

A benção e a água benta

Que respinga numa alma suja

Mil tormentas

Mares revoltos,

guerras

ofensas íntimas e

ódios mornos

A cozinhar o que

Antes era terno

O que antes era belo

E hoje é apenas

repugnante.

Tragédias sem requinte

Alvos sem perdão

Crimes sem condenados

A ilusão da sociedade segura

A ilusão do real.

A verdade da horda canibal.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/02/2007
Código do texto: T382317
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