Operário do Sistema
Acorda ainda de noite
Veste a mesma roupa furada
Come um pão velho
Fecha a porta do barraco
Sai em direção ao Ponto de Ônibus
É esmagado e sufocado pela dor
O trem abre as portas
Enxerga uma massa cinza
Uma sirene indica o destino
A caminhada em fila é longa
Registra o ponto
Coloca o uniforme
Entrega a vida
Vende a liberdade por tão pouco
A alienação é absoluta e sem direção
Aperta parafusos
Digita códigos
Comercializa ilusões
Enriquece o Patrão um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...
Reclama da vida
O chefe quer mais e mais
Eles não estão satisfeitos
Você é um lixo
Já se passou metade do dia
A fome bate e a marmita abre
A comida desce às pressas
Retorna, volta, senta
Produz o “Nada” um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...
Já deu a hora, mas é preciso continuar
Já é tarde, mas não pode parar
Mais uma sirene que indica o fim
O final de apenas mais um capítulo
Esse livro é eterno?
Já é de noite
Tira o uniforme
Registra o ponto
A caminhada em fila é longa
A alienação é absoluta e sem direção
A porta da firma nunca é fechada
O trem abre as portas
Enxerga uma massa cinza
Uma sirene indica o destino
Vai em direção ao Ponto de Ônibus
Abre a porta do barraco
Cansado, cansado
Come um pão velho
Dorme e não consegue mais sonhar
Você é um lixo
É esmagado e sufocado pela dor
Vende a liberdade por tão pouco
Os dias, meses e anos se parecem
Não existe ponto final
A vida se derrete levemente
Mas a engrenagem não pode parar
Enriquece o Patrão um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...
Entrega a vida um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...
Já chegou o amanhã
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