Clandestinos
Éramos tão inocentes
Esperávamos o momento certo
Juntávamos forças e dizíamos:
Uma hora vai acontecer, seremos libertos!
Mas nada aliviava os nossos pavores
Nem nossas vergonhas ou culpas.
Então começamos a atear fogo
Nas bênçãos então inventadas
Em tantas desculpas esfarrapadas
Deixamos pessoas atordoadas
Frases nos muros e em tantas calçadas
Pintamos a cara, e não mudamos nada
Chegamos ao ponto da desconstrução
Desde então somos clandestino
Imorais, sem tino, apaixonados, anti sociais
Apaixonados pelo prazer de prestar mais atenção
Com bandeiras brancas nas mãos
Libertos dos monstros da ignorância
Tentando tratados de paz, novas alianças
Somos deixados pra trás
Não saímos nos seus jornais
Nos julgam anarquistas demais
Nossa música não toca em sua rádio
Seus chefes nos olham com escárnio
E nosso crime é a liberdade
De poder melhor a nossa cidade, nosso estado, nosso país
É ver nosso povo feliz.
Mas isso não é bom pra vocês,
Vocês nos ferram, nos apagam de vez
Querem ter seus lugares seguros,
Nos enclausuram em altos muros
Com controles na mão pra nos controlar
Acontece que alguns de nós usam vendas
Outros não sabem voar...