Cocorococó... Cocorococó !...

Cocorococó... Cocorococó !...

Cocorococó... Cocorococó !...

Acordai autoridades, Deputados,

Senadores, Ministros e Presidente

Estais semi adormecidos no palácio

Não vedes que a Liberdade se esvai

Usai do bom senso, escutai o clamor

Se o menor de dezesseis pode votar

Tirar título de eleitor e até ser pai

Porque não responder criminalmente

Quando usa de violência p’ra matar?

Mas se fosse um vosso filho, certamente

A lei logo iríeis de querer mudar

Mas filho do povo, é gente simples

E a nação é rica nesse prosperar

E não é um a menos que quebra o viés

Para o estado de coisas modificar.

O povo, este povo pacato que ignorais

Com mísero salário de trezentos e cinqüenta reais

Que para aumentar, quase vos digladiais

Enquanto o vosso, centenas de vezes a mais

Mas este povo pacato de quem abusais

Começa a dar mostras, como o vulcão

Primeiro fumaça, da convulsão sinais

De que a lava entrará em erupção

Todo mundo cansado e insatisfeito

De viver prisioneiro de medo do ladrão

E nossos governos o que têm feito?

Multar à vontade o humilde cidadão

Há câmeras vigiando dia e noite

Nas estradas, nas ruas das cidades

Para que o motorista não se afoite

A ultrapassar vejam só 30 Km.

Entretanto, tais câmeras não há

Para vigiar o crime que avassala

Onde o cidadão não tem segurança,

Nem mesmo dentro da sua sala.

Acordai autoridades, pois se o menor

Tem capacidade, para votos, vos dar

E a mesma para dirigir, seja onde for,

Se pode ser pai e outra vida tirar

Também, tem capacidade de sobra

Para responder pelos seus desatinos

E não me venham com essa agora

De que com quinze anos é um menino.

Com a televisão e a informática

A dinâmica do conhecimento em ação

Mudou os rumos da semântica

Ampliou-se a gama de informação

Hoje a criança de oito anos de idade

Tem discernimento entre o bem e o mal

O certo e o errado. Falta com a verdade

Aquele que não quer sair do trivial.

Quero dizer, ainda, que a criança

Com oito anos tem mais conhecimento

Que tinha a de quinze, três décadas atrás.

A sociedade evoluiu, tem mais talento.

Ninguém se entende neste equívoco

Oxalá pudesse eu improvisar a Lei

Certamente num projeto inequívoco

Com quinze anos o menor eu punirei

O cidadão está cansado de penar

Ante a impunidade trágica do crime

Parece que o Estado lhe está a negar

A liberdade despojada, tão sublime

Clamores incontidos da onda bravia

Deixa todo cidadão estarrecido

Sujeito a uma síncope ou apoplexia.

Vencer o mal com a violência, faz sentido

Será como lançar um bote à sociedade

O farol da liberdade que hoje agoniza

A gente proletária em grã satisfação

À nova lei que deu a decisão concisa

Na intrincada teia a pobre criatura

Vítima d’algozes, tremenda covardia

Um pária sem destino a manda à sepultura

E ainda tem quem defenda tamanha vilania

Pagamos um bom preço, alto pesadelo

Tragédias da barbárie, fazem repensar

Entre ser justiceiro ou vítima do duelo

Do crime sem igual, do quanto a meditar

São Paulo, 14 de fevereiro de 2007

Armando A. C. Garcia

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