INFÂNCIA ROUBADA

Como tantos outros...

Dez anos

De pele tostada ao sol.

Mãos calosas

Olhar triste

Barriga vazia.

Sonhos, não os têm.

Única certeza:

Trabalho árduo,

E salário de miséria.

Cortes do granito

Despedaçam esperanças

Emudecem sorrisos

Ao som da marreta.

Santa luz

Não ilumina

As mãos trêmulas

De seus Zezinhos.

Teus paralelepípedos,

Cidade não santa,

Reluzem

Sangue e suor

De teus desprotegidos.

Sob teus pés,

Meninos sangram,

Sem sorte,

E sem rumo.

Infância sequestrada.

Rendida pela fome

E indiferença.

Seja no corte do sisal

Ou nas pedreiras

De Santa Luz,

O mesmo gemido ecoa.

Isso é Bahia

Brasil.

Vergonhoso trabalho infantil!

Suzana Duraes
Enviado por Suzana Duraes em 30/07/2012
Reeditado em 24/07/2014
Código do texto: T3805248
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