INFÂNCIA ROUBADA
Como tantos outros...
Dez anos
De pele tostada ao sol.
Mãos calosas
Olhar triste
Barriga vazia.
Sonhos, não os têm.
Única certeza:
Trabalho árduo,
E salário de miséria.
Cortes do granito
Despedaçam esperanças
Emudecem sorrisos
Ao som da marreta.
Santa luz
Não ilumina
As mãos trêmulas
De seus Zezinhos.
Teus paralelepípedos,
Cidade não santa,
Reluzem
Sangue e suor
De teus desprotegidos.
Sob teus pés,
Meninos sangram,
Sem sorte,
E sem rumo.
Infância sequestrada.
Rendida pela fome
E indiferença.
Seja no corte do sisal
Ou nas pedreiras
De Santa Luz,
O mesmo gemido ecoa.
Isso é Bahia
Brasil.
Vergonhoso trabalho infantil!