A VIDA DE UM MENOR DE UM ABANDONADO
Raimundo Alberto
Oh! Chuva, me olha.
Quero te fazer um pedido: não me molha!
Eu não tenho um abrigo
Nem sequer um amigo.
Eu vivo sozinho,
Mas há milhares como eu...
Sou como um passarinho:
Moro embaixo da árvore que cresceu
Ou então um de um viaduto.
O mundo obrigou-me a ser logo adulto.
Não brinco como uma criança...
Tenho que trabalhar para ter esperança
De que estarei vivo amanhã!
Vivo tão desprotegido
E até como ladrão sou confundido.
Quando passa alguém
Que penso que pode me fazer o bem
Eu o acompanho e peço esmola.
Sabem o que me dizem?! Vá trabalhar! Vá para escola!
Há outros que me chamam de vagabundo
E me culpam pela violência no mundo!
Quando sinto fome vou procurar comida no lixo
Como se fosse um gato, um bicho!
Quando não contenho a fome
Meu caráter se consume.
A solução que encontro
É roubar algum tonto.
Eu queria ser bom, ser perfeito,
Mas roubar é o único jeito!
O que consola meu coração
Depois que pratico está má ação
É porque não sou mau como pensam de mim.
É claro que eu não queria que fosse assim.
Roubo porque preciso.
Não sou como esses da política
Que não vivem nesta miséria tão crítica
E ainda roubam sem coração nem juízo!
O que dá sentido á minha vida
Deixa qualquer pessoa comovida:
É que JESUS CRISTO
Tão pobre nasceu
E assim como eu
Conheceu bem tudo isto.
Eu sei que Ele me perdoa
Se eu não encontrar comida
E roubar alguma pessoa
Para manter minha vida!