À TARDE CHORA UMA CRIANÇA

À tarde chora uma criança

Naquela confusão do medo medonho,

Persistente, indeciso, confuso

Muito triste, sem esperança

A criança acalentava um sonho

E a sua cabeça era um parafuso

Enquanto a lua dorme e descansa

Num quarto ao lado deste fuso

E o vento grita como um abronho,

Na ébria saudade que dança

Porém, co’a mão ali ponho,

Na cambraia da noite que cansa

Onde a pérfida vida, que suponho

E vislumbra esta pança…

No ventre da liberdade

Pla natureza muito mansa

Canta o Sol, nesta idade

Na fímbria madrugada que alcança

A vida, nesta mocidade

Quando atónito desta mudança

Aterrorizado desta verdade,

Inerme, nesta boa aliança

Que é o céu e a terra

Onde oscila e encerra

Lá vem a chuva assustadiça

Molhar a gente obstinada

Num mar de tristezas

No momento d’agora

Numa tarde alucinada

Que vive, aqui e agora

Com esta sua defesa.

Luís de Sousa Oliveira

30.5.2012

TÓLU
Enviado por TÓLU em 17/07/2012
Reeditado em 06/08/2016
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