DESEMPREGO
DESEMPREGO
Homens zelosos,
Às primeiras gotas da madrugada,
Com a garoa lhes furando a cara,
Tateando no escuro, descem os calvários...
Da sua crucificação!
Apouca luz que lhes diferem, ratificam a igualdade,
De mesmas fatalidades vizinhas...
Beirando as mesmas portas,
Debruçando-se sobre as mesmas janelas...
Rondando os mesmos destinos!
Fronteiras de mesmo abismo.
Dobrando mesmas esquinas...
Rotas de idênticas misérias.
Vão à busca de trabalho!
Na ilusão do sustento diário,
Burlam a saúde, triste quimera!
Para eles qualquer bagulho serve,
Qualquer gororoba, qualquer gravanço!
Desde que enganem a boca,
Desde que satisfaçam o estômago.
E farão de tudo o que o patrão quiser!
Subordinados, obedientes, cativos!
Qualquer réstia de luz é um Sol de esperanças...
É a luz que se esgueira no túnel!
São como quaisquer, nessa imensa multidão.
A rir fartos os dentes na boca.
Rostos de mesmas imagens de mesmas utopias...
Todos eles Zés!
Albérico Silva