PÃO

PÃO

O que me lava a alma

E me sacia a boca,

E me faz tomar porre de felicidade!

É pão dividido por várias mãos,

E comido por várias bocas,

Pegadas seguindo mesmos rastros!

Olhos nutridos por mesma hósta.

Cálice solidário comendo do mesmo pão.

E o que me sacia as sedes...

São as argamassas moldando mesmo peso.

Analogias a dar mesmas dimensões!

São bocas bebendo no mesmo poço.

Mãos trançando as mesmas rendas!

Gados pastando no mesmo pasto.

Comendo da mesma ração!

Almas racionando iguais miragens.

O que me farta a boca,

Não é o que enche o estômago.

São as mesmas fomes iguais!

A festejar, cirandar bocas diferentes,

Sustentando sonhos idênticos.

Albérico Silva