SEM RIMA 271.- ... história?: estórias...

Estamos a conversar num foro da Galiza

sobre questões históricas

(alguns, muito otimistas, lhes diriam factos...)

Desculpem, recantistas, que lhes transfira,

como se fossem versos

(e mesmo poema:

agora o otimista sou eu!)

uma das minhas opiniões:

Antes de interpretar, haveria de precisar

os factos e a concatenação de factos realmente

históricos e não apenas historiados

(ou estoriados).

Com certeza a história oficial "española"

(castelhano-cêntrica), a que se une a portuguesa

oficial

(imagino que na brasileira nem se tratam...),

nem fornece os factos, mas lacunas grandes,

nem, menos ainda, explica (bem) os que fornece,

justamente por existirem e serem mascaradas essas lacunas.

(Não têm algo a ver as lutas "comuneras"

castelhanas com as "irmadinas" galegas,

com as "germanias" valencianas

e com as serôdias

(aparentemente só) portuguesas contra os Áustrias?)

Eu entendo, sobre os nobres, sobre as casas nobres

originárias da Galiza, que há duas perspectivas:

1.ª- Essas casas nobres deram duas linhas de atuação

"nacional" ou "pré-nacional": a "independentista", portuguesa,

e a servil e dependentista "galega" ao serviço do projeto

de hegemonia ou dominação castelhana.

2.ª Mas são as casas nobres e não os súbditos

dessas casas as protagonistas e agentes de ambos

os processos.

Na realidade entre os "povos" galego

e português houve fluência comercial e comunicativa,...

entre os âmbitos territoriais (e não só) dominados

por um e outro processo "nacionalizador"... justamente

até à rotura ou quebra do Antigo Regime e mesmo

durante o primeiro século da "modernidade reacionária"

em que coincidem os estados-reino "modernos" português

e espaÑol (= castelhano).

É por isso que entendo da necessidade

de diferenciar entre o Antigo Regime,

até ao séc. XVIII incluído,

e a "Modernidade" ibérica,

desde o séc. XIX a hoje.

É facto ou sucessão de factos, paralelos mas dissimétricos,

o acontecido a raiz e causa das guerras napoleónicas:

A.- Portugal (e desculpem os portugueses)

assumiu suficientemente os princípios revolucionários

franceses, mas nas "colónias" americanas, de modo

que o Portugal moderno, apesar de tudo

e com todas as salvaguardas

que se quiserem,

nasceu no Brasil e muito depois,

em 1910 com a instauração da República,

no Portugal europeu.

B.- No reino bourbónico não aconteceu nada parecido.

Houve e ainda há continuidade estranha,

enquanto radicalmente antidemocrática

ou anti-revolucionária, na nova "España", apenas

e só europeia no território.

A secção castelhana e tardiamente

(quase) "española" das Américas tomara outros caminhos,

decididamente revolucionários, apesar de tudo

e com todas as salvaguardas.

Constituíram-se outras

entidades nacionais, dispersas,

da qual dispersão o "amigo americano do norte"

bem se aproveitou.

Em suma, se nos remontarmos

às origens de ambos os reinos e se admitirmos

o divergente processo protagonizado pelas casas

nobres galegas, teremos de concluir que no caso

de Portugal, apesar de tudo, os nobres

acompanharam o povo,

já digo, apesar de tudo,

enquanto no caso de Castela (não da Galiza),

os nobres galegos desertaram da sua condição

de cabeça do povo para se submeter

(mais do que argalhar!!!)

ao projeto "nacional" castelhano... contra o seu povo

e contra o povo que "naturalmente" deveriam

ter "cabeçado" as casas nobres

galego-portuguesas em Portugal.

Penso que não vale esquecer a condição galega

originária do Portugal e do Brasil atuais,

bem como penso que, apesar de tudo, não tiveram

tanta capacidade de decisão as casas nobres

galegas no processo "nacionalizador" castelhano

e a seguir "español".

Estas foram sequazes

mais do que cabeça do processo, acho. E não pretendo

retirar-lhes nenhum mérito:

têm avondo justamente

no abandono em que deixaram o seu povo.