VEM DAS FLORES
VEM DAS FLORES
Vem das flores. Eu Vim das flores. Nasce do arco-íris das ruas, sou eu o hospede das ruas, sou o hóspede da tua...Vida. E lá vem eles como torrentes tempestades tropicais, eu... Venho calmo como as violetas de outono.
Tão simplesmente eles ganham as luzes do anoitecer e o frio das almas. Eu sou o calor que os ilumina. Já tão revoltosas são as mágoas, daqueles que são a história das estórias.
Dos brancos que vem da fronte, já não tem cores, só passado, tão só memória viva em carne morta. Seus passos, desesperados procuram descanso no horizonte, das necessidades humanas. E seus ossos fracos, seus dentes, seus olhos surdos e seus ouvidos cegos, em fracos versos fazem a oração do amanhã!
Vidas em separado, como meras esperanças. Os reis da fuga e do vício, filhos do lixo, ao lixo voltaram... Reconstituem-se como as flores da primavera, caindo em folhas ao findar das tardes. Frios invernos como seus olhos, as mãos estendidas á procura do infinito, em busca de um mágico toque para abertamente se transformarem em loucos golpes de amor.
Eles pedem suas vidas e roubam esmolas de sonhos... Alguns bonitos, outros corroídos pela necessidade. Quão grande é a lágrima de sentir seus pequenos poros, o desprezo e a dor em teorias fascinantes e falhas.
Já não tem tempo para ser o que são. As horas de lucidez custam da rivalidade, algum preço, que, nem eles mesmos sabem por que pagar. São pequenas flores de maio que não terão em si, alinhados o bosque de sangue-ternura. Não são rosas, apenas almas... Como retícula de ferro e no coração, em tom de cândida porção de matéria alva... Como o sol.
Faz-se amanhecer. Lutar, matar, destroçar... Seus anseios e suas coragens travestem-se nessa maquilagem, mas são eles os pequeninos, sem pastor... Que vivem, dilaceram os instantes, brincam, sonham, crescem... E amam... Amam!
Com toda a intensidade da criação e da benção. Amam com o poder de curar. Amam e se nutrem disso como se fosse seu último vestígio. Amam como se no amor encontrassem refúgio...
... E eu... Que como verme, que componho as forças do ser... Do universo, eu, apenas sou... Sua frustração, medo, dor e consciência. Eu sou aquele que pergunta... E você?
Mas eles amam com a grandeza da infância, com a fragilidade do homem...
Amam pela simples pureza das violetas, com a pureza tão simplesmente de amar...