MARCAS
Como pode o destino,
Brincar com a vida da gente,
Como se fosse um menino,
Que se diverte alegremente.
Digo isso com certa razão,
E a prova já consegui
Em andanças por esse torrão,
Em que até agora vivi.
Já fui rico, já fui pobre,
Justiceiro e justiçado;
E como o plebeu ante o nobre
Sofri ofensas calado.
Já amei e fui amado,
Fui alegre e tristonho,
Hoje estou abandonado
Num sofrimento medonho.
Muitas marcas ficaram
De toda essa vida errante,
Onde aprendi a dar valor
Ao próximo e semelhante.
Pois não somos todos iguais,
Cada um tem o seu jeito;
Não existem perfeitos totais,
Nascemos fruto do imperfeito.
Riedaj Azuos - Galiléia – 1982