FILHO DE NINGUÉM
FILHO DE NINGUÉM
Sem ao menos um nome,
Maltrapilho e com fome,
Pelas ruas e becos,
Indo ao léu, sem destino,
Pobrezinho menino,
Esmolando pão seco.
Inocente criança
Sem nenhuma esperança
De algum dia melhor!
Nunca teve a ventura
Esta pobre criatura
De ter mãe nem amor.
No rostinho tristonho
Dos olhinhos castanhos
Nenhum brilho restou.
E seus lábios estreitos
Já nem sabem com jeito
Rir a quem o escutou.
Nunca um beijo na testa
Nem carícia ou afeto,
Nem de abraço recorda
Só se lembra dos gritos,
Da polícia os apitos
Que o expulsa das portas
Sem alguém que o compreenda,
Nem um pai que o repreenda
Dos maus atos que faz,
Em sua alma inocente
Brotam todas sementes
Que o abandono lhe traz.
Quando alguém o ameaça,
Logo apronta arruaça
Sem respeito a ninguém,
Pois a vida lhe ensina,
E ninguém recrimina
Os maus modos que tem.
Qual será seu futuro
Sem um guia seguro,
Que o ensine a ser gente,
Dê-lhe amor e carinho?
Seguirá o descaminho
E será um delinquente.
Mas se um dia um cristão
Der-lhe amor, atenção,
Sobretudo respeito,
Poderá com certeza,
Resgatar-lhe a nobreza
Com que foi por Deus feito.
(junho de 2010)