barraco
Barraco
+luizcarloslemefranco+
Caiu a porta do barraco.
Era a única coisa ainda inteira.
Agora preciso por num saco
e guardar em cima da cadeira,
tudo o pouco que tenho -
utensílios e outros cacarecos,-
que ajuntando há tempos, venho
e formando meus poucos trecos.
Agora estão mais fáceis de se perder
com a humilde barraca toda aberta.
Nada tenho p’ra comprar ou vender,
mas devo ficar ‘inda mais alerta
para não ficar com menos agora.
Não posso deixar levarem embora
minha cama, meu fogão e só.
Fora isto apenas tenho
alguns panos, sujas tiras
e nada mais. É de dar dó.
Mas não posso deixar
que alguém me retira
estes paupérrimos bens.
Um dia minha casinha vou ter,
terei também sala com mesa,
e televisor vou poder ver,
e tudo ficará uma beleza.
Não posso perder o que tenho
se desejo ter o que penso.
Faço tudo com empenho
e recoleto até lenço,
para que consiga por na casinha
um pouco mais de conforto.
Vou todo dia ao porto
buscar mísera pecinha,
que possa servir p’ra venda
e eu ganhar um troquinho
e melhorar minha tenda.
Mas se quero progredir,
preciso arrumar a porta
do meu barraquinho,
para poder sair e pedir.