@CHÃO DE TEMPO - Rua Descalça.
Atravesso a passos ligeiros,
os paralelepípedos que vestem a estrada.
Não sei se a trilha é correta,
ando à cata de um sol tardio.
Nua, em sua essência, está a terra.
Cinza, em sua angústia, o tempo.
Brota um amanhecer fingido,
homens feridos, horas doentes.
Há um reino,
sem ordem, nem palavras.
Uma comédia,
sou o bobo da corte.
Rio, faço rir.
Choro,
faço chorar.
Fecho-me em dúvidas.
Abomino os sonhos,
jogo-os fora.
Mato uma barata,
quero salvar o mundo?!
O que me resta
em herança?
Paralelos furtados.
Rua Descalça.